domingo, 26 de junho de 2016

O genocídio Armênio


“Já foi comunicado que o governo decidiu, por ordem de Diemiet, aniquilar inteiramente todos os armênios que moram na Turquia. Aqueles que se opuserem a esta ordem e a esta decisão, perderão a sua nacionalidade. Por mais trágico que possa parecer o recurso da aniquilação, é preciso dar um fim à existência deles, sem consideração por mulheres crianças e doentes, sem dar ouvidos aos sentimentos e à consciência”.
Império Otomano, 15 de setembro de 1915
Ministro do Interior Talaat

Genocídio. O dicionário da Academia Brasileira de Letras traz a seguinte significação para tal palavra: “Emprego deliberado da força, visando ao extermínio ou à desintegração de um grupo de humanos, por motivos religiosos, raciais, políticos, etc”. Ainda, no final do verbete, o dicionário traz uma nota que diz: “A ONU estabeleceu o genocídio como crime contra a humanidade”.
Muitos genocídios são famosos. Aqui no Brasil, logo que pensamos em genocídio, geralmente lembramos o que os alemães fizeram contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial, ou ainda o que os portugueses fizeram com os índios que aqui viviam antes da chegada deles.
Apesar de existirem centenas de exemplos de genocídios, famosos ou não, este texto irá centrar a atenção em um genocídio que aconteceu no começo da Primeira Guerra Mundial e que matou aproximadamente 1,5 milhão de pessoas.
O Genocídio Armênio foi promovido pelos turcos, no início do século XX. Em 1914, o Império Otomano, governado por uma coalizão chamada Jovens Turcos, entrava na Primeira Guerra Mundial apoiando a Alemanha (Tríplice Aliança).
Os Jovens Turcos, que antes do início da guerra estavam irritados vendo que a Questão Armênia estava tendo atenção das potências da época, podendo levar à independência do povo armênio e uma consequente perda de território, logo começaram a maquinar ações contra o povo armênio.
Com o início da guerra, os Jovens Turcos veem a possibilidade de uma ação mais severa contra os armênios. O genocídio começa com o desarmamento de sua população. Os armênios que estavam no exército foram postos em um batalhão desarmado, nomeado de Batalhão Trabalhista, usado como suporte logístico. Integrantes desses pelotões eram frequentemente atacados por facções turcas.
Em Abril de 1915, na cidade de Van, os Jovens Turcos pediram que 4000 soldados fossem entregues – uma forma velada de retirar os homens que poderiam ajudar em uma possível revolta na cidade. Em contrapartida, os armênios ofereceram apenas 500 homens e dinheiro, tentando assim ganhar tempo. A rebelião, porém, tem seu início no dia 20 de Abril de 1915, quando soldados turcos matam dois homens armênios.
Quatro dias depois, entre 24 e 25 de Abril, em Constantinopla, cerca de 270 líderes armênios foram detidos e deportados para o interior do país. Após esse evento, armênios começaram a ser expulsos de suas propriedades que eram confiscadas pelo governo turco. Muitos deles saíam de suas casas acreditando que estavam indo para uma zona mais segura, longe da guerra. Porém, eles estavam sendo levados para uma viagem sem volta. Muitos deles, obrigados a andar a pé e sem alimentação, iam em direção do deserto de Der Zor. Soldados otomanos que faziam a escolta dos armênios permitiam que a população estuprasse, roubasse e matasse os armênios, isso quando eles próprios não realizavam tais barbaridades. Outros tantos foram mantidos em campos de concentração. Acredita-se que existiram pelo menos 25 deles.
Com a Primeira Guerra Mundial em curso, o governo otomano não podia desperdiçar munições, por isso usaram formas bárbaras de assassinato contra o povo armênio: afogamento, facadas, fogo e outros métodos abomináveis.
Como muitos morreram distantes de suas casas, no interior do país, muitas vezes de inanição – o que ajudava na desculpa de “morte natural” – a presença da guerra e a diáspora irregular dos armênios ajudou o governo do Império Otomano a esconder os fatos e a desviar a atenção das mortes.
Apesar de o povo armênio tentar se defender – surgiram algumas forças rebeldes que preservavam algumas vilas e cidades armênias dos turcos e até mesmo alguns turcos e curdos que não aceitavam a política de extermínio ofereciam proteção em suas casas – o genocídio causou uma grande diáspora, inúmeros armênios fugiram ou foram deportados do Império Otomano. Muitos deles vieram para o Brasil na tentativa de começar uma nova vida.
Hoje, a comunidade armênia luta para que o genocídio sofrido por seu povo seja reconhecido. A atual Turquia nega qualquer acusação, apesar de aceitar que durante a Primeira Guerra Mundial tenha havido deportações de armênios.
Hoje há 23 países que reconhecem o genocídio. Aqui no Brasil, os estados de São Paulo, Paraná, Ceará e as cidades de São Paulo, Campinas, Fortaleza e São José do Rio Preto reconhecem o genocídio, e a comunidade armênia no Brasil faz um apelo grande para que o país reconheça o genocídio, já que muitos deles vieram buscar refúgio em terras tupiniquins.

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